História e Cultura

ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Antes da Monarquia, a região de Canas foi Centro da Civilização Romana, como o demonstram alguns vestígios históricos. Durante a conquista Árabe e a reconquista Cristã, as lutas obrigaram as populações a fixar-se longo tempo no Casal (bairro mais antigo de Canas), local que permitia a sua defesa.

Em 1196, por um foral assinado pelo Rei D. Sancho I, Canas foi incultada em benefício pessoal do Bispo de Viseu, D. João Pires. Por esta declaração, ficou Canas desintegrada das Terras de Senhorim, assim se explicando o determinativo “Senhorim” ao nome de Canas.

Com o 2º foral concedido em 1514 por D. Manuel I, Canas de Senhorim passou para Concelho pertencente à Coroa e apenas sujeita ao cabido de Viseu pelo pagamento de oitavos de pão, vinho e linho. Esta situação manteve-se por mais de 300 anos e em meados do Séc XIX, aquando das invasões Francesas, acompanhadas de períodos de agitação, este concelho foi também fustigado por instabilidades, isto no reinado de D. Miguel.

Em 1820, foi criada nova organização administrativa, que juntou a Canas o concelho de Aguieira, que já desde 1527 abrangia Moreira.

Em 1852, os antigos Concelhos de Aguieira, Canas, Folhadal e Senhorim, fundem-se, dando origem ao concelho de Nelas.

Em 1857, com a nova divisão do país em distritos, Canas volta a ser sede de Concelho, com a maior área de sempre. Beijós, Cabanas de Viriato e Oliveira do Conde faziam parte da sua área até 1873, ano em que, com o movimento revolucionário da “Janeirinha”, Nelas passou a ser sede do Concelho, ficando então Canas de Senhorim sede de freguesia até aos dias de hoje.

No início deste século, dois factores marcaram positivamente esta região. Particularizando, em 1900 e num espaço a norte da vila, já a caminho de Viseu – na Urgeiriça – foram detectadas manchas no terreno, denunciando a existência de minério de Urânio. Inicialmente exploradas por particulares e passando depois pelo Banco Fonsecas & Burnay, tiveram o apogeu da sua exploração com uma empresa Inglesa, a C.P.R. – Companhia Portuguesa de Rádio. No início da década de 60, o Estado Português acaba por explorar o Urânio, passando aquela a ter a designação de Junta de Energia Nuclear.

Para acompanhar esta empresa com os meios humanos, foi ali construído um espaço habitacional ainda hoje existente e dotado de algumas infra-estruturas, nomeadamente casa de espectáculos com projecção de filmes, campo de futebol e área de lazer. Também o conhecido Hotel da Urgeiriça teve , como base da sua construção, o alojamento dos técnicos e famílias Inglesas que por cá passavam largos espaços de tempo na exploração desta empresa e apreciando muito o espaço arborizado, onde ainda hoje está instalado.

O outro factor foi a fundação da C.P.F.E., isto sensivelmente no ano de 1924. Produzia, então, carboneto de cálcio e cianamida cálcica. Só uns anos mais tarde começou a produzir gusa, ferro-silício e recentemente, silício-metal.

Estas duas empresas tiveram os chamados “anos de ouro” nos anos 60, 70 e até 80, altura em que começa a registar-se algum declínio e o ponto de ruptura na C.P.F.E. aparece em 1986. Quanto à E.N.U., abalada pelos custos de produção, iniciou o seu período de agonia económica há alguns anos, encontrando-se, de momento, em fase de encerramento. O aumento da tarifa de energia, a queda internacional da procura de Urânio e a falta de planos de re-estruturação destas unidades terão sido determinantes para a situação de ruptura actual.

Apesar das vicissitudes económicas, as actividades culturais apresentam-se ainda com o vigor de anos anteriores, nomeadamente através do Grupo de Teatro Amador de Canas de Senhorim, que consegue levar aos palcos algumas peças características da região beirã e que retrata bem o espólio deixados por antepassados recentes.

Com tradições muito mais antigas, o Carnaval de Canas de Senhorim é um autêntico cartaz nacional. A sua singularidade proporciona a milhares de visitantes um espectáculo inesquecível, que convida a ser vivido todos os anos.

Uma riqueza ainda não referenciada e que, em termos reais, não sofreu alterações, é o património Histórico-Cultural. Existem várias casas solarengas do séc. XVI, hoje vocacionadas para o turismo de habitação e várias ruas onde o granito é predominante.

Canas de Senhorim continua a ser freguesia do concelho com mais população e onde a comunidade jovem ocupa um lugar de destaque. O desporto amador não está, de momento, representado em todas as modalidades; no entanto, existem instalações condignas para algumas delas. O Complexo Desportivo tem quase todos os requisitos para o efeito, nomeadamente o campo relvado, pista de atletismo (a 2ª do distrito) de cujas condições a comunidade escolar já usufrui. As instalações desportivas, propriedade do Grupo Desportivo local, servem hoje mais de meio milhar de jovens em todas as classes.

Os Bombeiros locais, instituição com mais de meio século, já foi o maior centro de divulgação cultural desta freguesia. A antiga sala de espectáculos (hoje desaparecida por motivo de obras de reconstrução da sede) foi palco de inúmeras actividades culturais, tendo sido durante muitos anos a sala de visitas para o intercâmbio cultural com outras gentes. Esta tradição não se perdeu, continuando agora a fazer-se espectáculos nos mais diversos locais, inclusivé na nossa escola. Esta associação tem, ao dispôr de toda a população, uma biblioteca equipada com toda a gama de livros, que muito têm contribuído para o desenvolvimento cultural e proporcionado às nossas gentes o gosto pela leitura.

Uma obra recente, acabada de construir no Verão de 95, foi o Complexo de Piscinas, junto a esta Escola, projecto desenvolvido e concluído pelo GRUA – Grupo de Acção para o Desenvolvimento Cultural, Local e Social de Canas de Senhorim. Este Complexo compreende duas piscinas (uma para crianças e outra semi-olímpica), bar-esplanada e um considerável espaço relvado envolvente, propício à prática de desportos e de lazer, sendo este um espaço aberto a toda a comunidade e de uma forma particular a esta Escola, já que existe um protocolo de utilização entre esta Instituição e o GRUA.

Ao longo dos últimos 25 anos, esta Escola exerceu uma acção educativa fundamental. Os cursos nela ministrados têm respondido, na medida do possível, às necessidades dos jovens para se inserirem no mundo do trabalho. Os cursos nocturnos têm possibilitado a continuidade dos estudos aos que, por força das circunstâncias tiveram que ingressar mais cedo na sua actividade profissional.

Levantamento Sócio-Cultural da Comunidade

Um levantamento estatístico efectuado já no presente ano lectivo 2000/01 (numa amostra de cerca de 800 pais, representativa de mais de 70% da população escolar), relativamente à actividade profissional, no âmbito de diferentes sectores e habilitações literárias, mostra que as actividades profissionais do pai e da mãe são, respectivamente:

  • no sector primário – 2,9% e 36,8% ;
  • no sector secundário – 57,1% e 19,9%;
  • no sector terciário – 40% e 43,3%.

As habilitações literárias do pai e da mãe são, respectivamente:

  • 5,5% e 5,6% não possuem 1º ciclo completo ou formação escolar;
  • 37,8% e 42,5% possuem o 1º ciclo ou equivalente;
  • 21% e 22,4% possuem o 2º ciclo;
  • 18,1% e 12,7% possuem o 3º ciclo;
  • 8,9% e 8,9% possuem o Ens. Secundário;
  • 8,7% e 7,9% possuem Ens. Superior

Comparando este inquérito com um outro, similar, de 1992, mostra uma grande diminuição das mulheres no sector primário e consequente subida das mesmas no sector secundário e terciário (resultante de grande número de fábricas/serviços que empregam elevada mão de obra feminina). Outra constatação, relativa às habilitações literárias, mostra uma franca melhoria destas, nomeadamente as de nível médio/superior, pois multiplicam em mais de oito vezes o número de pais com formação superior de há oito anos atrás, representando actualmente valores semelhantes em ambos os sexos (em 92 os pais com formação superior eram o dobro das mães).